O pavilhão auricular é constituído por um esqueleto fibrocartilaginoso e possui uma face interna e outra externa.
A face externa está voltada para frente e para diante, com saliências e depressões.
Na sua porção média está localizada a concha, que é uma escavação profunda em torno da qual há quatro saliências: a hélix, a anti-hélix, o trago e o antítrago.
Entre as cruras da anti-hélix existe a fossa triangular; a fossa escafoide situa-se entre a anti-hélix e a hélix, que aparentemente assemelha-se a letra Y em curva.
Na porção inferior há uma quinta saliência, o lóbulo, que não possui cartilagem. A face interna está voltada para a apófise mastóide, limitando-se com a região mastoidea pelo sulco retro-auricular.
A denominação “condrite” refere-se ao aparecimento de um processo inflamatório de uma cartilagem; neste caso a cartilagem auricular. Esta inflamação transuda humores líquidos e células inflamatórias e pode ter origens diversas como: processos infecciosos, propensão hereditária ou acidentes traumáticos. Como em todo processo inflamatório o resultado deste fenômeno pode produzir fibrose em forma de nodulação, que esteticamente aparenta um aspecto bizarro à orelha chamado de “couve-flor”, com detrimento à disposição e distorção dos sulcos e reentrâncias naturais da orelha. As lutas de um modo geral, em decorrência dos golpes que atingem as orelhas, constituem-se elevado número de causas desta afecção; também em muita evidência a colocação de piercings na orelha sem os cuidados de assepsia e antissepsia adequados.
Pericondrite é definida como uma infecção que acomete o tecido conjuntivo que envolve a cartilagem do pavilhão auricular, canal auditivo, ou ambos, ou seja, o pericôndrio. Em geral é causada por lesões no ouvido, advindas de cirurgias no pavilhão auditivo, picadas de insetos, furúnculo, esportes de contato físico, ou após perfuração da cartilagem para colocação de piercing.
As manifestações clínicas da pericondrite incluem: vermelhidão, inchaço do pavilhão auricular, febre, acúmulo de pus entre a cartilagem e o pericôndrio. Em certos casos, o pus interrompe o fornecimento de nutrientes à cartilagem, destruindo-a gradativamente e, ocasionalmente, resultando em deformação da orelha naquelas situações de maior gravidade.
Na fase aguda da inflamação já instalada e com a sintomatologia de dor, rubor, calor e líquido acumulado (sangue ou pus), a punção ou drenagem cirúrgica através de seringa e agulha são indicadas e necessita de acompanhamento clínico, curativos e novas punções de forma seriada, além de anti-inflamatório e antibiótico. O curativo deve ser levemente compressivo e moldar com algodão úmido as reentrâncias da orelha para prevenir acúmulos líquidos no espaço. Cultura e antibiograma da secreção ou líquidos coletados devem ser realizadas. Esta é a conduta a ser tomada sob os fundamentos básicos da cirurgia que são a assepsia e antissepsia, diferente do que se ver na foto acima onde a punção está sendo feita por alguém sem luvas e aparentemente em local inadequado e sem assepsia.
Na fase crônica após uma condrite não há mais a sintomatologia de inflamação e sim as sequelas da condrite. Ou seja, o processo inflamatório já esfriou e se resolveu com formação de fibrose desorganizada apresentando-se sob a forma de nodulações isoladas, únicas ou diversas, que se acumulam parcial ou totalmente nas reentrâncias da orelha acometida.
A cirurgia reparadora da sequela de condrite tem como objetivo remover o máximo possível do tecido anômalo para refazer as reentrâncias, fossas e definir as cruras conforme as limitações apresentadas pelo paciente e ao alcance do cirurgião.
BATE PRONTO
Tipo de anestesia: local, local e sedação ou geral.
Internação hospitalar: Realização ambulatorial (Day clinic) ou Internação Hospitalar de 24 horas.
Duração da cirurgia: 1 a 2 horas.
Recuperação: retorno ao trabalho ou estudos: +/- 7 dias.
Limitação: exposição solar e exercícios físicos durante 1 a 2 meses.
Curativo: o uso do curativo modelador é importante para manter a nova superfície externa da orelha refeita cirurgicamente e é feito com algodão que preenche as fossas e reentrâncias, a fim de evitar espaço morto (descolado) e obter o resultado esperado.
Atenção: uso de brincos somente após 4 a 6 meses.
Cigarro & Bebida alcoólica: devem ser evitados, pois compromete a cicatrização, a recuperação e altera o efeito da medicação.
Eventos indesejáveis ou Complicações: sangramento, hematoma, infecção, condrite, prurido (coceira), necrose, recidiva.